FORMULAÇÃO DE ESMALTES

Apesar de existir diversos mitos e verdades que envolvem os esmaltes e a sua ação sobre as unhas, o universo dos esmaltes abraça a tradição e a ousadia, com diversas cores, texturas, efeitos e acabamentos que fazem mulheres e homens do mundo inteiro usá-lo como um acessório indispensável de beleza. Portanto, conheça a origem dos esmaltes e entenda mais sobre a formulação desse item indispensável para embelezar as unhas. Confira!

O esmalte teve súbito crescimento no mercado de beleza do Brasil a partir de 2010, devido novas marcas, modelos, cores e aspectos, tornando-se um produto cosmético muito difundido entre a população, que atribui grande importância à aparência das unhas, sendo muitas vezes, uma maneira de determinar a condição social.

As mulheres valorizam unhas longas, bem cuidadas e esmaltadas, sendo as principais consumidoras de esmaltes. No entanto, a indústria de esmaltes vem aumentando a sua abrangência, contemplando também o público masculino com esmaltes específicos, geralmente bases de unha sem brilho.

Mas o que seria o esmalte?

Os esmaltes para unha são uma película colorida ou transparente, a base de nitrocelulose, solventes, resinas, plastificantes e pigmentos/corantes, destinado tanto ao embelezamento como ao recobrimento de imperfeições das unhas.

Eles podem ser classificados basicamente em seis tipos:

 

 

Os esmaltes mais comuns, principalmente no Brasil, são os esmaltes a base de solvente. Neste tipo de esmalte, a formação da película sobre as unhas ocorre após a evaporação do solvente, que contém aproximadamente 30% de substâncias sólidas, o que significa que, da quantidade aplicada, 70% evapora e apenas 30% fica sobre as unhas.

Os esmaltes com efeito gel são híbridos e são formulados com solventes, resinas, plastificantes, fotoindicadores e aditivos (oligômeros). Eles proporcionam uma secagem em apenas alguns segundos ao entrar em contato com a luz UV ou LED e duram entre dez a quinze dias.

A formação de filme, que confere cor e brilho às unhas, acontece quando os fotoindicadores iniciam a reação de polimerização depois de absorver a luz UV/LED. O procedimento é feito em partes e utiliza três camadas de esmalte, onde cada camada é fixada na unha usando luz UV.

Já os esmaltes a base de água são formulados com água, resina, plastificantes, pigmentos e aditivos. Seu processo de secagem se dá através da evaporação das moléculas de água, onde ocorre ligação de outras moléculas, incluindo moléculas de água, e ocorre a formação de filme. A duração desse tipo de esmalte é limitada, durando no máximo quatro dias.

Os esmaltes em spray, que são formulados com solventes e pigmentos metálicos. Neste tipo de esmalte não ocorre formação de filme ou película como acontece nos demais tipos de esmaltes. Para que o esmalte fixe na unha é necessário aplicar uma camada de esmalte incolor antes da utilização do spray para garantir a fixação. A secagem leva algumas horas e é preciso aplicar uma camada de esmaltes extra brilho, uma vez que o spray confere pouco brilho as unhas.

 

A ORIGEM DOS ESMALTES

 

Historicamente os esmaltes de unhas surgiram na Antiga Babilônia, onde eram pintadas de negro, passando pelo Egito, cerca de 3.500 a.C, onde cultivavam o hábito de pintar as unhas e os dedos com hena, em uma mistura de cores que variavam entre vermelho, rosa e pretos, demostrando a distinção entre as classes sociais: apenas as rainhas podiam pintar as unhas de vermelho, enquanto o restante das mulheres tinha de usar cores claras, seguindo para o Império Romano, onde era utilizado materiais abrasivos para conferir polimento nas unhas.

Na china, os tons exuberantes como o vermelho também eram reservados a realeza e a pintura era feita com uma espécie de verniz feito com goma arábica, clara de ovos, gelatina, cera de abelhas e pétalas de flores. Caso quisesse uma pintura mais metálica, era adicionado soluções de metais como ouro e prata na mistura.

Durante a Idade Média, as unhas eram adornadas com óleos rosados e perfumados, cuidadas com cremes e pomadas, não era permitido o uso de cores fortes e as unhas eram mantidas curtas.

As primeiras preparações de esmaltes eram feitas a partir de lacas derivadas de gomas e resinas naturais dissolvidas em óleos, porém a secagem, após a evaporação do material volátil, dependia da reação de oxidação com o ar e isso tornava o processo muito lento, sujeito a absorção de poeira e ações mecânicas.

Até o século 19 a evolução dos esmaltes foi lenta e as mulheres ainda mantinham suas unhas curtas, moldadas com o uso de lima e recobertas por óleo essencial perfumado. As inovações começaram a surgir em 1830, com os palitinhos de madeira para empurrar a cutícula para trás, que até então eram usados instrumentos de metal, tesouras e até ácido para remover as cutículas.

Os primeiros esmaltes de unha transparente surgiram no início do século 20, onde eram aplicados com pincel feito de pelos de camelo, mas não duravam mais que um dia nas unhas. Somente em 1920 a fabricação de esmaltes se desenvolveu de forma promissora, devido as grandes contribuições do setor automobilístico, sendo desenvolvido como um subproduto dos esmaltes utilizados para pintar e proteger os carros.

Assim, estudos realizados com base nessas pinturas possibilitaram o desenvolvimento de esmaltes em tons rosados, algumas variações de vermelho e transparentes, com composições próximas das que conhecemos atualmente.

No final de 1920, Charles Revson e seu irmão Joseph, juntamente com o químico Charles Lachman começaram a fabricar seus próprios esmaltes, dando um novo impulso a trajetória dos esmaltes.

Em 1932, os irmãos Revson e Lachman criaram a Revlon para a fabricação de um esmalte de unhas diferente de tudo o que se vira até então. Os esmaltes Revlon eram opacos e de longa duração, diferente dos tradicionais transparentes, feitos à base de corantes. O diferencial dos esmaltes da Revlon estava no uso de pigmentos, o que permitiu oferecer maior gama de cores.

Na época, divas do cinema elevaram o esmalte a outro patamar e em 1930, essas atrizes ajudaram a ser moda combinar o tom do esmalte com o tom do batom. A Max Factor, em 1927, lançou o Esmalte Líquido, que era um pó bege que era espalhado sobre as unhas com o auxílio de um pincel, além de creme e removedor de cutícula.

Em 1970 chegaram no mercado os esmaltes sintéticos, usados em unhas longas, com técnicas mais elaboradas, além de aumentar a adesão as unhas postiças. Na década de 1980, os esmaltes passaram a ser fabricados com fibra de vidro e em 1990, a decoração das unhas passou a incluir a utilização de pedras, texturas, adesivos e outros acessórios. Atualmente existem cores, texturas e efeitos para todos os gostos.

 

FORMULAÇÃO DE ESMALTES

 

A combinação dos ingredientes utilizados na fabricação de esmaltes de unhas forma um verniz incolor, que tem as propriedades e características necessárias para esmaltar e tratar as unhas. A essa mistura são adicionados os pigmentos.

Assim, basicamente, o esmalte de unha é constituído por três sistemas e os principais ingredientes utilizados na sua composição são:

 

1-  Sistema Formador de Filme

– Diluentes e Solventes:

Os solventes têm a função de transformar o filme plástico em líquido para, então, ser aplicado nas unhas. Após a aplicação, eles evaporam, dando início ao processo de secagem do esmalte na unha.

Principais solventes encontrados na formulação dos esmaltes:

 

 

 

– Resinas:

As resinas têm a função de formar o filme plástico e aderir o esmalte sobre as unhas.

Principais resinas utilizadas para esta função:

 

 

– Plastificantes:

Os plastificantes têm a função de lubrificantes. São eles os responsáveis pelo deslizamento dos esmaltes sobre as unhas, reduzindo o atrito. Pouco plastificante em um esmalte resulta em um filme quebradiço. Já o contrário, quando o plastificante está em excesso, resulta em um filme mole e com secagem demorada.

Principais plastificantes:

 

 

2 – Sistema de Tixotropia

– Agentes Tixotrópicos:

Os agentes tixotrópicos têm como principal função evitar a decantação do solvente, que é um dos itens de composição dos esmaltes.

Principais agentes tixotrópicos:

 

 

3 – Sistema de Coloração de Pigmentos

É quando o esmalte ganha sua forma e vida. Os pigmentos podem ser orgânicos e inorgânicos e conferem ao produto alto poder de cobertura. Os pigmentos perolizados de muitos esmaltes nada mais são que escamas de peixe trituradas, oxicloreto de bismuto ou mistura de mica com óxidos metálicos.

Os pigmentos devem seguir algumas premissas básicas:

 

 

Esmaltes transparentes ou translúcidos são formulados sem a adição de pigmentos e produzem uma fina camada brilhante, conferindo uma aparência mais natural as unhas. Os esmaltes cremosos são de cor “sólida” e produzem uma camada mais espessa sobre a unha. São formulados com agentes de suspensão para evitar a deposição dos pigmentos no fundo dos frascos.

Nos esmaltes cintilantes, metálicos e perolados os efeitos de cor e brilhos intensos são obtidos através da adição de pigmentos a base de mica (cintilantes e perolados), oxicloreto de bismuto (perolados sedosos) e pigmentos metalizados (metálicos). Assim como os esmaltes cremosos, eles também são formulados com agentes de suspensão para evitar a deposição dos pigmentos no fundo dos frascos.

Já nos esmaltes com glitter, o glitter é cortado de forma regular e precisa, e incorporado aos esmaltes com base de suspensão translucida, produzindo um efeito luminoso, com cores reluzentes.

Também pode ser adicionado ao esmalte ativos funcionais como silicones; vitaminas; ceramidas; cálcio; D-pantenol, entre outros.

Em esmaltes para tratamento de unhas, por exemplo, sua formulação ocorre basicamente como a maioria dos outros esmaltes, contudo são adicionados aditivos específicos que ajudam a recuperar, endurecer e fortalecer as unhas, como a vitamina B-5 que hidrata e fortalece as unhas ou a queratina para recuperar áreas danificadas.

 

 

A secagem de um esmalte ao ar ocorre em dois momentos, sendo eles: a secagem ao toque, que ocorre após alguns minutos e a secagem total que acontece entre três a seis horas. Dentro deste intervalo podem ocorrer aqueles “amassados” na unha.

Para que o esmalte tenha uma secagem rápida e/ou seja resistente a abrasão, eles são formulados variando os teores das substâncias contidas em uma formulação básica de esmalte, alterando por exemplo, a relação de solventes e diluentes para aumentar a taxa de evaporação e assim diminuir o tempo de secagem.

No frasco, o esmalte precisa estar homogêneo e, após a aplicação, não deverá formar bolhas ou manchas nas unhas. Para isso, o pincel e a aplicação ajudam bastante, assim como manter sempre o frasco bem vedado após o uso.

A durabilidade média de um esmalte varia entre quatro a cinco dias, podendo variar de acordo com alguns fatores, tais como o tipo de unha, as atividades desenvolvidas e as características da formulação.

 

ALERGIA

 

Algumas pessoas podem apresentar alergia ao esmalte de unha, uma vez que normalmente são sensíveis aos ingredientes tolueno, dibutilftalato (DBP) e formaldeído, comumente usados em formulações de esmaltes.

O tolueno é um dos solventes mais utilizados nas formulações e o formaldeído está presente na resina do esmalte, cuja função é conferir brilho e aderência.

Os principais sintomas para quem é alérgico a esses produtos são: coceira e vermelhidão em unhas, pescoço, olhos e boca, que são regiões que frequentemente estão em contato com as mãos. Descamação e ressecamento também são comuns nesses usuários.

Para essas pessoas, são desenvolvidos os esmaltes hipoalergênicos, onde essas três substâncias – tolueno, dibutilftalato (DBP) e formaldeído – são retiradas das fórmulas, chamadas hipoalergênicas 3 free.

 

 

Veja também “ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS UNHAS”.

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