COSMÉTICOS NATURAIS, ORGÂNICOS E VEGANOS

Cada vez mais estamos percebendo que precisamos mudar nossos hábitos e viver de forma mais saudável e sustentável. Essa postura influencia nas opções de consumo, como a escolha de cosméticos naturais, orgânicos e veganos. Portanto, conheça as diferenças entre conceitos, particularidades das formulações e certificações de produtos cosméticos naturais, orgânicos e veganos. Confira!

Os produtos cosméticos já passaram por diversas transformação ao longo da história: já foram fabricados em casa, passaram a ser produzidos industrialmente, chegando aos cosmecêuticos e dermocosméticos.

Ao longo de sua evolução nos séculos, a preocupação com o meio ambiente e o processo de fabricação não foi levada em consideração. Até que parte da população, no século 20, começou a chamar a atenção ao levantar a bandeira “verde”, de preocupação ambiental.

Desde então, a adesão de hábitos saudáveis e a crescente conscientização sobre a preservação do meio ambiente, fez surgir uma nova classe de consumidores que têm uma exponencial preocupação com a saúde e sustentabilidade, juntamente com a conscientização sobre beleza livre de crueldade.

Esse “consumidor verde”, como é chamado, não se preocupa somente com a performance do produto, mas também a maneira como ele é fabricado e testado. E estão cada vez mais exigentes.

Do modismo passaram a ser uma tendência, e por isso precisamos entender a evolução tecnologia, as mudanças comportamentais em curso e o impacto disso tudo no mercado de beleza.

E para que possamos nos preparar para esse crescimento do mercado de cosméticos naturais, orgânicos e veganos, precisamos entender os conceitos envolvidos nas definições desses tipos de produtos.

 

O QUE SÃO COSMÉTICOS NATURAIS, ORGÂNICOS E VEGANOS?

 

Em suma, podemos definir:

1 – Cosméticos Naturais

Os cosméticos naturais são aqueles compostos em grande parte de ingredientes naturais, não é obrigatório a presença de ingredientes orgânicos, sem derivados de petróleo, mas que podem conter matéria-prima derivada de animal e alguns sintéticos, salvo algumas restrições. O processo de fabricação deve ser sustentável, com o mínimo de impacto ambiental e não pode ser testado em animais.

 

2 – Cosméticos Orgânicos

Os cosméticos orgânicos são aqueles formulados com ingredientes orgânicos, sem agrotóxico, sem adubos químicos, sem derivados do petróleo, mas que podem conter matérias-primas derivada de animal e alguns sintéticos, salvo algumas restrições. O processo de fabricação deve ser sustentável, com o mínimo de impacto ambiental e não pode ser testado em animais.

 

3 – Cosméticos Veganos

Para um cosmético ser considerado vegano, ele não precisa ser natural ou orgânico, mas não deve conter ingredientes de origem animal como mel, leite ou lanolina, comumente encontrados em produtos naturais, nem ter sido testado em animais, mas pode utilizar produtos químicos.

Em alguns casos, consumidores acreditam, equivocadamente, que um cosmético vegano é composto por ingredientes naturais. Porém, se um cosmético tiver em sua composição 100% de ingredientes sintéticos, ou seja, de origem petroquímica, ele pode ser considerado vegano, pois não tem ingredientes de origem animal em sua formulação.

Às vezes, um cosmético natural, mesmo com ingredientes de origem animal, pode ser muito mais sustentável que um vegano 100% sintético.

 

FORMULAÇÃO

 

Ao desenvolver um produto cosméticos natural ou orgânico, diferentes tipos de desafios são encontrados.

Um deles é a restrição pelos principais órgãos certificadores de ingredientes sintéticos e derivados do petróleo em produtos naturais. Dessa forma, a lista de ingredientes permitidos é mais limitada, tornando mais difícil a formulação de alguns produtos. Com isso, a estabilização e o desempenho dos produtos também pode ser um grande desafio para os formuladores.

No quesito eficácia, dependendo do tipo de produto, por haver limitações de uso de matérias-primas, ele pode não apresentar os mesmos níveis de performance que outros produtos do mercado.

Além disso, para produzir um produto natural não basta informar a origem do ingrediente ou relatar sua rastreabilidade na cadeia de fornecimento. É necessário realizar dossiês detalhando o mecanismo de ação e os benefícios que o ingrediente trará ao produto.

Assim, ainda é um grande desafio formular um produto 100% natural, obtido a partir de processos físicos ou de fermentação, sem as modificações químicas clássicas. E quando produzidos, o desafio encontrado pelos formuladores é fazer chegar ao consumidor final um produto natural com um custo próximo aos demais produtos da mesma categoria de mercado, uma vez que os custos das matérias-primas de origem natural normalmente são maiores que os das sintéticas.

Na formulação de produtos orgânicos o desafio é atender aos critérios rígidos dos certificadores, bem como as plantas de produção e a cadeia de fornecimento de matérias-primas, que devem ser certificadas a partir de requisitos que podem variar de acordo com cada órgão certificador, mas em suma todos eles buscam que o produto que chega até o consumidor seja obtido de insumos e produtos dentro dos padrões sustentáveis.

Apesar dos avanços da indústria em relação as composições naturais e orgânicas, ainda existem diferenças quando comparadas com ingredientes convencionais. Por se tratar de matérias-primas não refinadas, muitas vezes pode-se observar alterações de odor e, principalmente, de cor.

Outro desafio desse mercado é a ampliação da entrega de benefícios de cosméticos naturais para mais de um nicho de consumo. Para vencer esse desafio alguns fabricantes têm apostado na presença de um ou mais ingredientes naturais, veganos ou orgânicos nas formulações.

Já para um cosmético receber o selo de vegano ele deve atender a alguns requisitos como não conter matérias-primas oriundas de carnes, aves, peixes, ovos, laticínios, mel, própolis e geleia real, entre outros, e nem subprodutos de animais como corantes de insetos, seda, etc.

Os produtos devem ser desenvolvidos segundo os princípios ecológicos, assim como os produtos naturais e orgânicos, e não podem ser testados em animais.

Mas como saber se os produtos são seguros para uso humano? Onde os testes são realizados?

No que diz respeito aos testes de segurança e eficácia, todos os protocolos de ensaios clínicos e os protocolos de estudos são realizados em produtos naturais, orgânicos e veganos. E uma vez aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os cosméticos naturais, orgânicos e veganos apresentam os mesmos níveis de segurança de produtos sintéticos.

Os testes e ensaios são adaptados, substituindo os itens que são de fonte animal por outros, de origem humana ou sintética. Os métodos in vitro são uma alternativa, por exemplo, para a avaliação de eficácia e segurança.

Algumas empresas já realizam testes em pele humana desenvolvida em laboratório, que tem a aparência de círculos de gelatina transparente. Uma maneira de obter amostras de pele humana é através de cirurgias em que tem sobra desse material humano. A pele coletada pode ser separada por idade, sexo e raça do doador para a realização de testes confiáveis em função do mercado visado. Pode-se ainda usar o modelo de pele de cobra, utilizando a pele descartada do animal.

Cabe ao formulador observar todas essas questões quando for elaborar um produto para o qual se espera receber o selo de natural, orgânico ou vegano. Não é uma tarefa simples, mas com certeza necessária.

 

LEGISLAÇÃO E CERTIFICAÇÃO

 

A ANVISA é a responsável por realizar a supervisão dos cosméticos lançados no mercado brasileiro e certificar que o produto apresenta boa estabilidade físico-química, microbiológica e segurança na sua utilização, bem como a certificação de eficácia.

Porém, não existe uma regulamentação oficial para cosméticos naturais, orgânicos e veganos, no Brasil, bem como na maioria dos países, por ser um tema relativamente novo e bastante controverso, visto que a definição desses tipos de produtos pode ser ampla e com diversos entendimentos.

Por conta disso, diversas organizações nacionais e internacionais desenvolveram um conjunto de normas e padrões próprios, que se tornaram referência para a emissão de certificados para produtos cosméticos que atendam aos conceitos estabelecidos.

A certificação é uma forma de orientar e prevenir para que o consumidor não compre produtos cosméticos de empresas que apenas explorem o “apelo verde”, sem realmente produzir “cosméticos verdes”.

Para que um produto receba o selo que o atesta como natural, orgânico ou vegano, é preciso que ele atenda aos requisitos estabelecidos pela certificadora, que pode abranger desde a origem das matérias-primas até a sua toxicidade e sua biodegrabilidade, incluindo reações de síntese e os processos de produção.

Abaixo, separamos algumas das maiores certificadoras:

 

1 – Cosmetics Organic Standard (Cosmo)

– Cosméticos Naturais: Para um cosmético receber o certificado de produto natural ele deve ser composto, em grande parte, de ingredientes de origem natural, não é obrigatório a presença de ingredientes orgânicos, o percentual de ingredientes naturais deve ser indicado na parte frontal do rótulo e o percentual de moléculas sintéticas deve ser de, no máximo, 2% em sua totalidade no produto, e essas moléculas devem estar listadas no caderno de normas da certificadora. Além disso, somente devem ser utilizadas embalagens que podem ser recicladas.

O conceito de Produto Cosmético Natural de acordo com a Cosmo abrange água, minerais, ingredientes minerais, ingredientes de origem vegetal, animal ou microbiológica fisicamente e quimicamente processados de acordo com a norma da certificadora.

Ingredientes de origem animal são aceitos desde que não causem dor e sofrimento ao animal para sua extração, como mel e leite. Porém ingredientes modificados geneticamente e nanomateriais não são aceitos, bem como fragrâncias e corantes sintéticos.

 

– Cosméticos Orgânicos: Para um cosmético ser considerado orgânico pela Cosmo ele deve ter no mínimo 10% de ingredientes orgânicos para produtos enxaguáveis, aquosos ou com 80% de minerais ou ingredientes de origem mineral. Os demais produtos devem ter no mínimo 20% de ingredientes orgânicos em sua composição. O percentual de ingredientes orgânicos deve ser indicado na parte frontal do rótulo.

Além disso, 95% dos ingredientes fisicamente processados devem ser de origem orgânica. Ingredientes de origem animal são aceitos desde que não causem dor e sofrimento ao animal, entretanto ingredientes modificados geneticamente e nanomateriais não são aceitos, bem como fragrâncias e corantes sintéticos.

A Ecocert é a certificadora que representa o referencial Cosmo no Brasil.

 

2 – Natrue

A Natrue é uma associação criada na Europa em 2007, sem fins lucrativos, para promover e padronizar o desenvolvimento de cosméticos naturais e orgânicos mundialmente.

Para um produto receber o selo de natural ou orgânico ele deve conter ingredientes de origem vegetal, mineral ou animal – com exceção dos que causam sofrimento – e suas misturas, processados fisicamente, de acordo com suas normas certificadoras.

Somente é permitido o uso de ingredientes idênticos ou derivados dos naturais quando o ingrediente natural não puder ser extraído da natureza com rendimentos e técnicas coerentes ou não existir um substituto natural equivalente.  São permitidos apenas conservantes naturais e derivados de naturais que estão listados no referencial da associação.

No Brasil o selo Natrue normalmente é encontrado em produtos importados e produzidos para exportação.

 

3 – Instituto Biodinâmico (IBD)

Maior certificadora da América Latina para produtos orgânicos. Tem grande representatividade no mercado brasileiro e, desde 2014, segue as diretrizes estabelecidas pela Natrue para o desenvolvimento de cosméticos naturais e orgânicos.

O IBD e a Natrue estabeleceram um acordo de reconhecimento mútuo, assim, produtos brasileiros que são certificados pelo IBD podem receber o selo Natrue quando são exportados e os produtos importados certificados pela Natrue estão aptos a utilizarem o selo IBD.

 

4 – Organização Internacional de Normalização (ISO)

Em fevereiro de 2016, a ISO lançou a ISO 16128, um guia de definições técnicas e critérios para o desenvolvimento de cosméticos naturais e orgânicos.

Para a organização um ingrediente é considerado natural se for obtido de plantas, animais, minerais (exceto de origem fóssil) ou microrganismos, incluindo os derivados desses materiais que são obtidos por meio de processos físicos ou de outros processos que não resultem de modificações químicas intencionais.

Já para um ingrediente ser considerado orgânico, ele deve ser 100% obtido por meio de métodos de agricultura orgânica ou de colheita silvestre.

 

5 – Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB)

O programa de certificação da SVG, criado em 2013, confere a diversos produtos um selo vegano que é bastante reconhecido nacionalmente. O selo é atribuído a produtos isentos de ingredientes de origem animal em sua composição e cuja empresa que a produziu e os fabricantes de seus ingredientes não realizem testes em animais.

 

6 – People for the Ethical Treatment of Animals (PETA)

Criada em 1980, a ONG é engajada na causa de proteção dos animais, sendo reconhecida em diversos países. Ela possui dois selos que podem ser atribuídos a produtos cosméticos: o Cruelty-free e o Approved Vegan.

O selo Cruelty-free garante que os produtos não são testados em animais e nem possuem, em sua composição, matérias-primas testadas em animais. Vale destacar que os produtos com esse selo não são necessariamente veganos, uma vez que a composição pode incluir ingredientes de origem animal, como o mel.

Já o selo Approved Vegan certifica que, além de não ter sido testado em animais, o produto também não tem matéria-prima de origem animal. Nesse caso, o produto é considerado vegano.

Podemos perceber que o segmento ainda encontra algumas limitações, mas quando observamos todas as questões que apresentamos neste post, vemos que o mercado dos produtos naturais, orgânicos e veganos vem aumentando exponencialmente e que ficar fora dele é um suicídio comercial.

 

 

Veja também “SEM REGRAS PARA A BELEZA”.

Deixe seu comentário, dicas e sugestões. Pesquise em nosso Blog e compartilhe com os amigos. Curta nossa página no Facebook e vejas novidades no nosso canal do YouTube.

Comments

  1. MARIA ELIZETE silva Nascimento

    Fiz o de química capilar com você e adorei
    Estava mesmo a procura desse faço cosmetico natural e organico
    Sabonetes natural
    Máscara de argila rosto e cabelo
    Não uso croda faço ei mesmas as mascaras e cremes corporais condicionadores shampo natural com potassa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *