A COR DOS COSMÉTICOS

Os cosméticos coloridos têm o poder de embelezar a pele, unhas ou cabelos, bem como transgredir e revelar determinada personalidade. Lúdico e surpreendente, as cores despertam nos consumidores a intenção de compra. Por isso, transmitir a cor e a imagem certas pode despertar as necessidades e desejos dos usuários. Portanto, saiba mais sobre o universo das cores, que encanta e inspira a humanidade ao longo de sua história. Confira!

A cor, seja ela sóbria, suave, intensa ou vibrante, seduz o homem desde a Antiguidade, evoca uma conexão emocional, carrega simbologias, torna-se tendência de moda e está relacionada diretamente ao comportamento de consumo.

Assim, ao transmitir a cor e a imagem certas, os cosméticos coloridos despertam nos consumidores necessidades e desejos, induzindo uma intenção de compra. E esse é um dos principais desafios para quem desenvolve produtos cosméticos – ter que selecionar e projetar as combinações de cores corretas para ter o apelo desejado para o usuário.

 

A COR DOS COSMÉTICOS

 

Através de pigmentos e corantes é possível deixar tudo colorido ao criar a cor desejada. Entretanto, a cor torna-se perceptível para quem vê através de uma característica da luz, onde os objetos absorvem certos comprimentos de ondas e refletem outras. Assim, percebemos essas ondas refletidas como cores.

 

 

Essa refletividade está presente em todo tipo de cosmético desde a base até o batom e diferencia a aparência de fosca, brilhante, metálica, opaca, translúcida e transparente.

Cada cor tem três propriedades que a definem:

 

 

Para entender como cada cor funciona, como uma influência a outra quando usada ao lado ou uma sobre a outra e ainda qual será o resultado da mistura das duas é utilizado a Teoria das Cores e a Tecnologia de Medição de Cores para criar produtos que chamem a atenção e reflitam a necessidade e desejo do consumidor.

Para ajudar a entender os princípios básicos de combinações podemos utilizar a Roda de Cores ou Círculo Cromático. Ele contém doze diferentes cores, que ajudam a visualizar quais são as cores primárias, as secundárias (ou intermediárias) e as terciárias que formam o espectro visível.

 

A roda de cores também pode representar a característica de temperatura da cor, sendo dividida entre cores quentes e cores frias.

As cores quentes são brilhantes, apaixonadas e enérgicas. Tendem a ser as cores que mais chamam a atenção. As cores quentes incluem: vermelho, laranja e amarelo, e as variações dessas três cores.

 

 

As cores frias dão uma sensação de calma e criam uma impressão suave. Cores frias são: violeta, azul e verde.

 

 

Interessante, não é mesmo?

Mas você deve estar se perguntando: E o branco e o preto?

Convencionalmente designados por cores, o branco e o preto são apenas resultado da presença ou da ausência de luz. Assim, a cor branca é a luz pura, quando há uma reflexão total das cores. E a cor preta é a ausência total de luz, ou seja, as cores são absorvidas.

Dessa forma, quando a luz do sol incide em um objeto branco, este reflete os raios solares enquanto um objeto preto absorve todos os raios solares.

 

COMO COMBINAR TONALIDADES?

 

Neste momento você deve estar se perguntando: Como misturar e criar paletas de cores que não causem estranhamento quando combinadas?

Para isso utilizamos a harmonia de cores e tudo que você precisa é usar a roda de cores que vimos acima.

A harmonia das cores estuda tipos de composições entre cores para compreender quais as combinações podem ser mais adequadas e atrativas para um determinado uso, além de analisar a aplicação das cores considerando diferentes tons, intensidades e matrizes.

 

 

No universo dos cosméticos, primeiramente, para combinar tonalidades é preciso se ater as restrições regulatórias sobre pigmentos para a região do corpo que será usado, assegurando que são adequados a formulação. O pigmento escolhido também deverá ter um ótimo desempenho para não causar complicações na combinação de cores e reprodução em escala.

A cor de um cosmético depende do tipo de formulação a ser utilizada, da opacidade da massa, dos agentes umectantes e das proporções dos ingredientes, entre inúmeros outros fatores. Assim, desenvolver um cosmético colorido pode ser desafiador, principalmente se começar do zero, sem saber sobre possíveis combinações de pigmentos ou níveis de uso permitidos.

No caso de não haver uma fórmula base previamente definida é interessante e útil organizar uma biblioteca básica de tonalidades para determinar extremos de cor e conhecer como cada cor se comporta na formulação.

Dessa forma, para cada fórmula base deve ser desenvolvida uma biblioteca de tonalidades para documentar os resultados das combinações de cores criadas, pois a cor pode se desenvolver de maneira diferente em cada uma das formulações.

No processo de combinação de nuances em cosméticos de cor é interessante iniciar o teste de combinação de cores pelos óxidos de ferro e dióxidos de titânio e, em seguida, ir incorporando outros pigmentos orgânicos e inorgânicos permitidos para uso em cada tipo de cosmético.

Vejamos, como exemplo, uma sombra para os olhos.

Primeiramente é preciso determinar qual o percentual da fórmula será destinado aos pigmentos e enchimentos – que são citados nas formulações como “quantidade suficiente” ou “qs”. Depois é adicionado a maior quantidade possível de pigmentos, prensado em forma de pó compacto e realizados testes de queda, fragilidades e avaliação da aplicação do produto para certificar o seu desempenho.

Se esse nível de uso for aceitável, o pigmento é reduzido para 5% e é repetido a avaliação. Caso o resultado do teste for aceitável é incorporado combinações de pigmentos na proporção, por exemplo, de 1:1:1 de óxidos de ferro vermelho, amarelo e preto para observar a coloração desenvolvida. Níveis variados de corantes mostra como as cores interagem entre si e como influenciam a formulação.

Lembrando que a combinação de tonalidades pode variar conforme a categoria do produto. Os corantes típicos usados em cosméticos de cor que dão tonalidades em bases, corretivos, pós compactos para a face, sombras de olhos, batons, gloss labial e delineadores labiais incluem os óxidos de ferro vermelho, amarelo e preto, além do dióxido de titânio.

Para avaliar a cor criada nada mais confiável do que o olho humano. Compare uma amostra com um padrão usando uma espátula de metal ou uma barra, para espalhar o produto sobre uma cartela de opacidade Leneta branca e preta, para identificar se há desvios na tonalidade.

Aplicações in vivo também podem ser utilizadas para demostrar como a cor produzida se compara com a cor que era esperada. Basta delimitar um quadro de 5×5 cm sobre o antebraço para comparar a cor com o padrão e ter uma visão de como fica a tonalidade mesmo quando observada de ângulos diferentes. Outra forma de avaliar a nova cor é aplicando o produto na palma da mão ou no local pretendido para a aplicação e comparar qual será a aparência do produto.

Por fim, para proteger os cosméticos coloridos do efeito de fatores que degradam a cor é necessário ficar atento e:

1 – Selecionar os pigmentos e corantes mais estáveis.

2 – Adicionar aditivos ou ingredientes funcionais capazes de proteger a cor do produto.

3 – Escolher embalagens que preservem as características originais do produto.

Assim, ao assegurar que os pigmentos selecionados atendam às restrições regulatórias e as exigências de estabilidades/reologia da fórmula você terá um grande número de tonalidades bem-sucedidas e comercializáveis.

 

A HISTÓRIA DOS COSMÉTICOS COLORIDOS

 

Há mais de 20 mil anos o homem utiliza corantes para tingir tecidos, cerâmicas e couros, bem como pigmentos para fazer desenhos em cavernas, túmulos e para produzir murais.

Na Antiguidade, tons vermelhos simbolizavam dignidade e nobreza, por isso, eram utilizados pelos gregos para pintar cerâmicas, os egípcios extraíam o corante das folhas de hena para colorir as palmas das mãos, as plantas dos pés, as unhas e os cabelos, e os romanos conseguiam a cor púrpura e o vermelho que eram utilizadas nas capas dos comandantes do exército, nobres e autoridades religiosas, através do esmagamento de um molusco chamado Murex brandaris, que tinha grande valor, por não desbotar facilmente.

Além da púrpura, o índigo e a alzarina também foram muito utilizados desde as antigas civilizações. Esses três corantes orgânicos de origem vegetal e animal tiveram grande importância desde a antiguidade:

 

 

Os antigos já sabiam que a mistura de corantes azuis, vermelhos e amarelos produzia novas cores. Corantes vermelhos, brancos, verdes, azuis, amarelos e pretos tingiam vidros produzidos pelos assírios sete séculos antes de Cristo.  Tecidos encontrados em cavernas próximas ao Mar Morto do ano 135 foram tingidos de amarelo com açafrão.

Acredita-se que a arte de tingir tecidos surgiu na Índia, passando para a Pérsia, a Fenícia e o Egito, onde foram encontrados tecidos tingidos em tumbas do século XXV a.C. A arte se desenvolveu ao longo dos séculos, começado como um ofício caseiro, com receitas secretas, baseadas no empirismo e na experiência adquirida por quem dominava o oficio até tornar-se uma atividade comercial de grande escala.

Os tintureiros operavam durante os tempos medievais, dando cor aos tecidos importados, como lãs do norte da Europa e sedas da Itália e França. Com a chegada de Cristóvão Colombo à América, e da descoberta do Brasil, o pau-brasil, que fornecia corante vermelho, passou a ser exportado para a Europa em grande quantidade. O índigo, que era cultivado com trabalho escravo, foi um importante produto de exportação em partes do sul dos Estados Unidos no século XVIII. À medida que o algodão se tornou uma mercadoria importante na Inglaterra, também cresceu muito a demanda de tintureiros.

Mas com o passar dos séculos a indústria têxtil cresceu rapidamente e a demanda por produtos para branquear, beneficiar e tingir aumentou exponencialmente. Logo, os corantes naturais não supriam mais a demanda, principalmente após a Revolução Industrial no século 19, que alterou a face da sociedade agrária.

Com isso, começaram a surgir corantes sintéticos que mudaram as práticas seculares dos artesãos. O primeiro foi o ácido pícrico, a molécula trinitrada que era usada em munições na primeira guerra mundial, produzia um amarelo intenso, mas era uma substância potencialmente explosiva, não oferecia boa fixação e era de difícil obtenção.

O primeiro corante orgânico foi sintetizado em 1856, pelo inglês William Perkin, aos 18 anos de idade. Aluno do curso de química no Royal College de Londres, sua descoberta foi acidental, quando ao tentar sintetizar o quinino para tratamento da malária, obteve uma solução de cor púrpura forte, que era absorvida pelo tecido e provou ser resistente à luz e à lavagem. Descobrindo então que era possível produzir corantes a partir do alcatrão de hulha, um resíduo da coqueificação do carvão.

Perkin patenteou a descoberta, batizada de “púrpura de tiro”, posteriormente rebatizada pelos franceses de mauve, montou uma fábrica para produzir o corante e continuou realizando pesquisas e sintetizando diferentes corantes.

A descoberta de William Perkin motivou uma corrida entre os químicos para conseguir sintetizar outros corantes, e no final do século 19 já existiam fábricas de corantes sintéticos na Alemanha, Inglaterra, França e Suíça para atender as necessidades das indústrias de tecidos, couro e papel de vários países, com cerca de duas mil cores sintéticas à disposição, substituindo, assim, o empreendimento milenar de extração de corantes de fontes naturais.

A indústria de corantes abriu caminho para setores de produção de antibióticos, explosivos, perfumes, tintas para pintura, tintas de caneta e para impressão, pesticidas e plásticos, bem como alavancou o uso desses corantes em maquiagens, esmaltes e colorações capilares, que antes utilizavam corantes naturais.

1 – Maquiagem

 

2 – Esmaltes

 

3 – Colorações Capilares

 

 

 

Veja também “PIGMENTOS E CORANTES PARA COSMÉTICOS”.

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